Este Poema foi publicado no meu Primeiro Livro (Nacos de Apego), lançado em 1992 pela Imprensa Universitária da UFSM.
Trata-se te um trabalho simples, escrito em Homenagem ao Amigo Antonio Carlos Bortoluzzi "Periquito".
Fala de uma Figueira Centenária existente em sua fazenda, na localidade de Arroio do Só, em Santa Maria, à sombra da qual confraternizávamos, junto ao nosso Grupo Musical da época de estudantes, o Grupo REDUÇÕES.
Bons tempos aqueles, onde nos bastava tão pouco para sermos felizes. Reparto com vocês um pouco desse tempo, em forma de versos:
AO PÉ DA VELHA FIGUEIRA
Nenito Sarturi
Escorada no palanque,
Lá no fundo da mangueira,
Vislumbro a velha figueira,
Com seu porte colossal:
Marco vivo e ancestral
De indescritível beleza
- Baluarte da natureza
Nesta Querência imortal.
Ao saborear os seus frutos
Volto aos tempos de guri
E me revejo, pescando,
Às margens do Ibicuí,
Retoçando em meus achegos,
Mui pachola e sorridente,
Ou sesteando nos pelegos
Em sua sombra imponente.
Esta figueira nativa,
Viva, no fundo da grota,
É cerne da raça altiva
Que, neste pago, rebrota!
Foi testemunha inconteste
Do tranco lento da História
E enraizou-se à memória
Dos mascates e tropeiros.
Deu guarida aos carreteiros
Que, neste solo, acamparam
E, com suor, demarcaram
O meu Rio Grande campeiro.
Veio o tempo, a passos largos,
Pisoteando a minha infância,
Trazendo sestros e encargos,
Mas me deixou sua fragrância.
E, às vezes, esqueço a idade,
No meu apego à Fronteira,
E vou matar a saudade
Ao pé da velha figueira.
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