quarta-feira, 8 de junho de 2011

AO PÉ DO BRASEIRO

AO PÉ DO BRASEIRO é o nome de um Programa de Rádio que criei em 1994, quando voltei a Santiago para assumir a Titularidade da 21ª Delegacia de Polícia Regional.
A então Rádio Iguaçu FM, hoje Nova 99, era dirigida por Gibelino Minuzzi, o qual franqueou-me o horário das 18 às 19 horas, de segunda a sexta-feira, para apresentação do Programa Regionalista, com enfoque na cultura e na música do Rio Grande do Sul.
Anos mais tarde, em razão de outros afazeres, não pude mais conciliar meu tempo para apresentá-lo, passando tal incumbência ao primo e amigo VALTER FIORENZA, o qual, após algum tempo ausente dos microfones, comanda este espaço até hoje.
Mas o que alguns não sabem é que o nome do Programa foi inspirado em um Poema/Canção da minha autoria, falando de amor e ternura, o qual transcrevo aqui.
Tal Poema também servirá de título a um Livro que estarei lançando, tão logo consiga recursos financeiros para tanto, uma vez que minhas Produções (Livros e Discos), têm custeio próprio. Eis o Poema.


AO PÉ DO BRASEIRO
                Nenito Sarturi

Por vezes solito, à beira do rancho,
Me vem, de carancho, uma saudade antiga:
Mal chega, se abanca e, no meio dos mates,
Sussurra-me partes de velha cantiga...

À luz do borralho me quedo, silente,
Espero que aquente mais uma cambona,
Rumino recuerdos, domando a ilusão
Da potra-paixão que restou, redomona.

Por buena que seja a saudade castiga...
Maleva, fustiga – estampando o desgosto –
Às vezes, de manso, se finge de amiga
E faz mais compridas as noites de agosto.

Ao pé do braseiro sou rei, no meu mundo:
Esqueço de tudo o que não me compraz.
Mas, logo que o sol vem frestear no meu rancho,
Tristonho desmancho o meu ninho de paz...

E, então, me enfurnando nos bretes da vida,
Campeio – na lida – as razões que perdi:
Lembranças judiam bem mais que o sol rubro
E, saudoso, descubro que não te esqueci...

2 comentários:

  1. Gostaria de agradecer ao irmão (se me permite chamar-te assim)Sarturi, por ter escrito essa jóia do nosso cancioneiro. Pois foi a canção que despertou meu interesse pela música nativa do Rio Grande, sou morador de Quaraí, e ouvi esse poema por primeira vez na voz de Léo Almeida, se não me falha, na 5ª Salamanca da Canção Nativa.
    Na minha humilde opinião, até hoje a mais bela canção que já ouvi.
    Mais uma vez OBRIGADO.

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  2. Gracias, prezado amigo!
    Tua manifestação me enche de alegria e redobra minha responsabilidade, em saber que o meu trabalho tocou tanto tua sensibilidade.
    Forte abraço!

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