quinta-feira, 11 de agosto de 2011

NO BRASEIRO DA SAUDADE

Perdi meu pai quando eu tinha apenas dois anos.
Tenho vagas e tênues lembranças daquele período da minha infância.
De meu pai, as lembranças saltam apenas dos "retratos" de parede.
Há um vazio enorme, que jamais foi preenchido, mesmo após tantos anos de sua morte.
Sinto uma espécie de "inveja" (mas não doentia) dos que possuem os pais vivos.
E sempre digo a quem possui Pai e Mãe: valorizem seus "velhinhos" enquanto ainda os têm.
Dedico este Poema, que é uma Parceria com Sadi Machado, musicada por Valter Fiorenza, a tantos que já não têm a alegria e felicidade de ter um Pai presente em sua vida, em especial ao meu amigo do peito JOÃO PEDRO TIER ALBINELLI, que também perdeu seu pai ainda criança.
Certamente nossos Pais, que desfrutam da companhia de Deus em outro plano muito superior, estão torcendo e olhando por nós.


NO BRASEIRO DA SAUDADE

         Nenito Sarturi/Sadi Machado/Valter Fiorenza

Guerreiro velho, que te foste cedo
Neste momento estou pensando em ti:
Me ensinaste os primeiros brinquedos,
Com teus enlevos aprendi a sorrir.
Foste a mão forte espantando os medos,
Cantarolaste pra me ver dormir,
Abriste atalhos na ponta dos dedos,
Traçando rumos para eu seguir.

Quando a ausência espalha tristezas
Sobre as sementes que a gente plantou
Fica a esperança regando a certeza
Que há de vingar o que se plantou.
Relembro versos de antigas canções
Que, com ternura, o meu pai cantou
Vou disfarçando... Batendo os tições
Do fogo grande que a saudade ateou.

O TEMPO PASSA, PISOTEANDO A VIDA
BRANQUEANDO MELENAS, ENRUGANDO FRONTES
TUA AUSÊNCIA AINDA É SENTIDA
QUANDO TE BUSCO PARA ALÉM DOS MONTES
PARECE ATÉ QUE VENS ME DAR GUARIDA
QUANDO MATEIO BOMBEANDO HORIZONTES.

O banco baixo, a cama de pelegos
Trazem lembranças do sistema antigo
Sorvo meus mates em desassossego
Nestas auroras em que busco abrigo.
E, na saudade do seu aconchego,
Sinto sua falta pois o velho amigo
Banca nas rédeas o tordilho negro
Mas não apeia pra matear comigo.

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